Já sei que este é um Blog sério, mas hoje deu-ma para escrever algo ainda mais serio! (como se fosse possível… mas enfim, vou tentar!)
Creio que todos nós este fim-de-semana acompanhamos os resultados dos nossos pilotos. Quando falo dos nossos pilotos, falo não só dos membros do Team Nata, mas também dos demais pilotos Portugueses, com especial referencia aos pilotos Portugueses que se encontram a correr no estrangeiro.
Antes de começar, aproveito para felicitar o único membro do Team Nata (penso eu) que se fez á pista este fim de semana. Parabéns Nuno Vinagre! Há que aprender com esta jovem promessa que disse que ia ganhar, o sapo disse que ele ia ganhar, e não lhe restou outra opção senão… ganhar! Parece-me bem, e há que continuar assim. Esperemos que este piloto, também ele um Português a correr além fronteiras, volte este ano a andar na frente, nos lugares que nos habituou aquando da sua participação na Honda BPI Cup. Cá estaremos para ver e dar todo o nosso apoio.
Este fim-de-semana tivemos quatro conhecidos pilotos que tudo fizeram para dar cartas e honrar o nome do nosso país, no estrangeiro.
Ao contrário do que certas pessoas escreveram num site bem conhecido da especialidade, no final da semana passada, Álvaro Parente, chegou, viu e venceu! Muito do que foi dito, até era verdade. Parente era um estreante, está numa equipa das mais fracas, num campeonato bastante competitivo, onde praticamente todo o plantel já está a fazer o campeonato pelo menos pela segunda vez. O que era desnecessário era “cortar as pernas” mesmo antes de começar o campeonato.
Contrariando todas as expectativas, Álvaro parente conseguiu alcançar um excelente segundo lugar na sessão de treinos cronometrados, para depois vir a liderar a primeira corrida do princípio ao fim. Já na corrida de Domingo, com os 8 primeiros a verem as suas posições invertidas, Parente já não conseguiu repetir a excelente prestação de Sábado, embora tenha feito uma boa corrida. Resultado, terminada que está a primeira ronda da GP2, categoria de entrada na F1, Parente vai para casa, na liderança do campeonato, empatado com Bruno Senna.
Já na FR NEC, o mais jovem dos Félix da Costa, fez valer a excelente equipa onde se encontra, bem como todos os kilómetros de treinos realizados na pré-temporada, e conseguiu obter o terceiro lugar numa corrida bastante disputada. Já na corrida de Domingo, infelizmente não conseguiu ir além da 20ª posição devido a alguns problemas.
No que diz respeito á Porsche SuperCup, Pedro Petiz continua o seu processo de habituação ao Porsche, e depois de ter rodado em 12º, não conseguiu evitar um pião, tendo vindo a terminar a corrida na 20ª posição, num campeonato bastante competitivo, e com um carro diferente do que conduzia no ano passado. É de esperar que a meio do campeonato, á medida que for conhecendo melhor o carro, o piloto comece a andar mais nos lugares da frente.
Pedro Lamy voltou este fim-de-semana a estar em destaque nas LMS. Juntamente com Stéphane Sarrazin, o piloto Português conseguiu levar o Peogeot 908 até ao primeiro lugar subindo assim ao lugar mais alto do pódio em Monza. Depois de uma corrida de 1000 kms bastante disputada e perante alguma polémica, Lamy venceu a sua primeira corrida das LMS de 2008. Nota também para a boa prestação, embora mais discreta, da equipa Portuguesa ASM, com o piloto Miguel Paes do Amaral a terminar a corrida no 7º lugar da sua classe.
Se recuarmos não mais de um mês, temos mais alguns bons pilotos que também conseguiram excelentes posições, em distintos campeonatos. No inicio do mês correu-se em Jarama, Madrid, a segunda ronda da Copa de Espanha de Resistência, onde o piloto português Rui Chagas venceu a segunda corrida de Domingo. Nesse mesmo fim-de-semana corria-se em Puebla, México o WTCC, onde o Português Tiago Monteiro subia ao lugar mais alto do pódio. Mais recentemente Manuel Gião e Pedro Couceiro conseguiam obter a 2ª e a 4ª nas duas corridas que compõem o International GT Open, no circuito de Vallelunga. Não nos podemos esquecer também das excelentes prestações que tem obtido Filipe Albuquerque desde que ingressou no Team Portugal, equipa que participa no A1GP.
Poderia ficar aqui a enumerar muitos mais pilotos, mas essa não é a questão. A questão põe-se com a diferença de mentalidades. O facto de estar a viver em Espanha, creio que me permite ter um bom termo de comparação com o mediatismo dado pela imprensa aqui (Espanha) e aí (Portugal).
Este fim-de-semana tivemos a Formula 1,a GP2 e as Superbikes. Enquanto na Formula 1 temos o Fernando Alonso na Renault e o Pedro de la Rosa na McLaren, na GP2 temos 3 pilotos espanhóis bem como mais três nas Superbikes. Como é habitual, ontem a notícia principal, a notícia com que começou o telejornal das 21 horas, foi com a boa, mas curta corrida de Alonso, seguindo-se a boa prestação dos Espanhóis nas Superbikes. Penso que um 30%, para não dizer mesmo um 40% do telejornal ontem foi dedicado a ambos estes desportos motorizados, com maior relevância no que diz respeito á Formula 1. Note-se que, a Formula 1, a GP2 e as Superbikes são retransmitidas em directo em canais estatais, ao contrário do que acontece no nosso país.
Todas as boas prestações dos pilotos Portugueses apenas são conhecidas por nós, por outros pilotos ou por alguém que se interesse bastante pelo desporto automóvel e que se dê ao trabalho de consultar um site especializado, ou comprar uma revista ou um jornal da especialidade. Enquanto aqui, em Espanha, o Alonso que nem sequer acabou a corrida é capa dos principais jornais diários.
Tal como ai, aqui o futebol também tem muito peso, mas em proporção, o desporto automóvel tem muito mais peso que em Portugal. Será possível conseguir alterar a mentalidade dos Portugueses, será possível incutir-lhes mais este gosto e este prazer que todos nós temos? No ano passado tudo indicava que iria ser o ponto de viragem no panorama da velocidade nacional. Este ano, quase que arrisco em dizer que está pior que há dois anos. É triste…
É de louvar iniciativas como a dos organizadores do PTCC, que este ano conseguiram chegar a um acordo com a televisão para a retransmissão de metade (sim, só metade…) do campeonato. Tirando esta pequena grande iniciativa, o que conseguimos ver mais? O que faz a FPAK, para além de praticamente nada? (corrijam-me se estou errado!)
É preciso ver que quanto maior a divulgação, quantas mais noticias, quanta mais publicidade, enfim, quanto mais se falar sobre o automobilismo, mais facilidade haverá, por exemplo, na obtenção de patrocínios, pois as empresas começam a ver que afinal, este desporto até pode trazer algum retorno. E isto é uma bola de neve, pois no dia em que dermos a volta (se alguma vez dermos…), será sempre para melhorar. Mais divulgação, na rádio e na TV, logo mais público nos circuitos, e certamente mais apoios, quer para os circuitos, quer para os organizadores dos campeonatos, quer para os pilotos.
Temos um exemplo bem perto de nós. No ano passado, o Caterham Academy foi dos troféus mais animados ao longo do ano. Um troféu com custos relativamente baixos e com todas as qualidades para continuar no ano seguinte ainda com mais nível e o dobro dos carros em pista. Infelizmente, por falta de apoios, esse sonho, do qual eu também partilhava, não será uma realidade, pelo menos nos moldes desejados. Por outro lado, o melhor campeonato que tivemos no ano passado, o PTCC, este ano teve uma grande quebra, tendo a corrida de este fim-de-semana metade dos pilotos que igual corrida no ano passado. E porque? Principalmente por falta de apoios.
Penso que é urgente que se tomem medidas, que se faça algo para que as coisas não fiquem ainda piores. Há que tomar decisões razoáveis, em vez de acabar com o Open de Velocidade, e de “estragar” o Campeonato Nacional de Clássicos. Sempre disse e no ano passado tive a infelicidade de o sentir na pele que, o maior problema, a maior dor de cabeça da Federação, são os pilotos… Só lhes damos é trabalho enquanto eles, quanto menos puderem fazer, melhor. Certamente haverá excepções dentro da Federação, mas nesta matéria o que conta é a imagem que chega cá fora, e essa imagem é o pior possível. É um conjunto de “não fazer nada”, com conflitos de interesses e uma pitada de… outras coisas… Espera-se muito mais de uma Federação.
Bem, penso que vou ficar por aqui. Podia ficar aqui horas a escrever e a deitar cá para fora muitas mais ideias, mas isto foi apenas um desabafo de alguém que acha que se pode fazer muito mais pela velocidade em Portugal, á semelhança do que acontece noutros países.
7 comentários:
Antes de mais, tal como o Luís, não poderia deixar de dar os meus Parabéns ao Nuno pela vitória em Braga. Fui dos muitos q fez figas para para que ele ganhasse já que o azar nos persegue nas provas de Évora(ou melhor, tens um companheiro de equipa, fraquinho... fraquinho... fraquinho...lol!) Mudando...
Em relação ao post do Luis não poderia estar mais de acordo com ele em relação à mentalidade do povo/comunicação social Tuga.
Em relação a federação muito culpada nesta mentalidade...
É uma instituição onde é preciso sangue novo, é preciso que alguém mais jovem lidere aquela gente que saiba as dificuldades que há em correr, que saiba quais os esforços financeiros que neste momento acarreta efectuar corridas.
É necessário inovar... a federação está velha...
Não se esqueçam que nos tempos dos nossos paizinhos (data de quem governa a federação)era apenas necessário ter carro para fazer corridas...
E acreditem, se não formos nós, amantes deste desporto a dar um machadada nesta gente, garantidamente que não vai ser mais ninguém que o vai fazer!
P.S.- Não é fácil escrever sério neste blog... Sinto-me com tonturas... Será que estou bem? :)
Abraço a Todos!
Nem parece teu Luis...finalmente disseste alguma coisa acertada!
Concordo com tudo o que dizes e também concordo quando o Aguiar diz que é preciso sangue novo na federação. Infelizmente acho que eles só saiem de lá quando morrerem...É a torneira deles que nunca pára de pingar devido aos custos elevados das licenças, inscrições, etc que todos os pilotos pagam. Para mim este é o principal problema das corridas em Portugal. É natural que os promotores e organizadores queiram ganhar dinheiro com as corridas mas o problema é que os nossos querem ganhar rios de dinheiro e tornam tudo carissimo.
Outro problema é que todos temos noção da realidade mas não podemos fazer nada. Estão todos feitos uns com os outros. O melhor que podemos fazer é ir correr para outros lados...
Beijos
Eu acho que, apesar de estarem intimamente ligadas, se conseguem separar duas questões: porque há poucos pilotos e porque há pouco público.
A questão do público é simples. Futebol aliado à fraca promoção das corridas. Em vez de meterem o dinheiro todo ao bolso, podiam meter quase todo e uma parte era para promoção.
Para além disso, os poucos adeptos que se deslocam aos circuitos ainda têm que pagar para estar num sítio sem condições a ver meia dúzia de camelos a fazer barulho.
A questão dos pilotos resume-se a uma comparação concreta:
1) Pagar 500 euros de inscrição para correr onde nos tratam como pedintes e só não nos escorraçam ao pontapé porque tinham que se levantar da cadeira.
2) Pagar 700 euros a quem nos vê como clientes e nos trata de acordo com esse estatuto.
Eu prefiro pagar os 700 euros.
Agora que estou a correr em Espanha é evidente a diferença de ATITUDES.
Em Valência, o briefing começou com um "Obrigado por estarem aqui" e acabou com um "Qualquer coisa já sabem onde me encontrar. Disponham".
Aqui o briefing começa com cara de cu, continua com cara de cu e acaba com cara de cu. E não façam muitas perguntas senão eu irrito-me. Que chatisse agora ter que aturar estes gajos.
Depois a agravar isto tudo ainda temos os pilotos.
Pilotos que conseguem por milagre um patrocínio porreiro e esbanjam o dinheiro a fazer a primeira porcaria que lhes aparece à frente.
Também acho que o Duarte tem razão quando diz que é preciso sangue novo. Sangue novo, nova mentalidade, incutir a cultura do desporto automóvel nas pessoas e os patrocínios vêm.
Essencialmente é o que dizes: mentalidade e atitude.
Quero deixar um agradecimento e um abraço a todos vocês pelo apoio que me têm dado e por vos ter ao meu lado em mais um ano de corridas.
Quanto á federação e restantes assuntos relativos a esses senhores nem vou comentar porque me entristece falar desse assunto.
Um grande abraço e saudações desportivas.
Penso que sao varios problemas que teem ajudado a falta de mediatismo da velocidade em Portugal.
1 - Corridas organizadas por promotores. Em portugal as corridas sao organizadas pela federacao e pelos grupos de comissarios.
A questao passaria por ter uma identidade que mais que promover o campeonato, faria toda a gestao do mesmo.
Negociacao de fim de semanas, preco de inscricoes e pagamento das mesmas etc seria responsabilidade de uma empresa (como a gt sport) passando a federacao ter apenas a resposabilidade aprovar regulamentos para garantir a verdade do campeonato.
O resto continua depois porque fiquei sem libras
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